segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aeroporto

Um episódio...

"Um dia no terminal de aeroporto...dia 16 de um qualquer mês de um ano qualquer. Pensou, refletiu, fez um exercício de encerramento de histórias! Sabia que nunca mais iria amar ninguém assim, mas também sabia que, a maior parte das vezes, não podemos ter aquilo que acreditamos ser o ideal e quando isso acontece há que procurar um plano B...Sabia que era isso que estava a fazer naquele momento: a tentar construir uma nova narrativa, mais adequada, mais real, mais feliz. Claro que deixar sonhos para trás é doloroso, claro que ter saudades faz parte, mas aquilo que tinha de ser feito assim obrigava. 

Reencontrá-lo, dois anos depois, era muito bom. O seu corpo tremeu, o abraço foi forte e sentido. Sabia que ele ainda gostava e que tinha na memória as suas feições e o seu jeito de ser. Como podem as emoções e sentimentos serem coisas tão fortes?Como podemos seguir em frente quando sabemos que deixámos partir, para outras paragens, quem nos poderia fazer feliz?Gostava de ter tido a coragem de lhe pedir para largar tudo e ficar assim para sempre. Não teve e a sua vida seguiu o rumo natural. Quando se perguntou como foi capaz de estar com alguém nas suas circunstâncias, não alcançou nenhuma resposta. A única coisa que conseguiu lembrar foi o que sentia quando estavam juntos...era intenso, forte, gostoso, genuíno. Era felicidade, por isso não se arrependia, mas deixou que as coisas seguissem assim...ao sabor da vida. 

Também agora é isso...seguir o sabor da vida, baixando os braços e deixar que uma história termine de morte natural, pois o rumo é distinto. Emocionalmente, queria ter coragem de se desprender para sempre. Queria ficar sua amiga, mas essa era a maneira mais difícil de fazer as coisas. Por isso, a única alternativa era colocar um daqueles grandes e pretos pontos finais que sempre encontramos no fim de qualquer história quando o livro acaba e a contra capa se vira. Poderá não conseguir, mas poderá tentar.
Depois de tantas batalhas perdidas, porque não enfrentar mais esta, só com medo de a perder? Começa já hoje por fazer uma despedida e depois quando regressares faz de conta que desapareceu. Afinal o respeito que ele tem pelo que sentes, também já desapareceu faz tempo..."

domingo, 17 de junho de 2012

7 vidas de um gato

A espera não foi longa...o gato tinha sete vidas quando nasceu, mas sete não é infinito...o gato à oitava vez saltou do telhado e não voltou a abrir os olhos. Eram 23 horas quando o seu último fôlego quebrou o silêncio de uma segunda-feira à noite numa casa vazia numa ilha, às vezes, deserta. Afinal o gato tinha fechado os olhos para sempre...
A dor toma conta de nós, a saudade ganha vida, a tristeza ocupa espaço em casa e o silêncio ganha terreno, na forma como se partilham momentos...esta dor é um ácido que corrói o mais precioso dos metais, a felicidade. Ver os teus olhos vazios e tristes é pior que qualquer dor física, não há aspirina que me alivie o nó que se apodera da minha garganta!

domingo, 10 de junho de 2012

Linha

Certamente que aquilo que todos temos por certo...
é também aquilo que mais custa a aceitar...
custa ver a linha a ficar cada mais fina...
custa esperar que ela parta...
e custa ainda mais perceber que depois de partida não há regresso, não há retorno.
Agora é esperar, ansiosamente, em sobressalto, que de um puxão a linha rebente e o "certo" tome conta da vida!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Tubo de ensaio

Mesmo sem me aperceber, tem-se tornado hábito, no início de cada ano, fazer escolhas que interferem de forma muito significativa com o percurso da minha vida...este ano não foi diferente, acho até que obtei uns dias antes do fim do ano, sendo que comecei o novo com um pé perto de uma escolha que implica muitas mudanças...difícil será com certeza. Nós, humanamente, gostamos de rotina, hábitos e zonas de conforto. Ui... sair para o desconhecido, mudar, largar o certo e escolher o incerto, cria, acima de tudo, minhocas na cabeça, dúvidas e inquietações...mas e se não tentarmos???
Os ses são para mim mais nefastos do que o medo da mudança...logo se vê, ai vou eu! Mas o que pode acontecer? No pior dos cenários concluo que era um erro e retomo do ponto de onde parti para a aventura...erros constroem melhores pessoas, melhores escolhas, melhores futuros. Quem nunca errou por não saber é porque nunca viveu e quem erra por viver não precisa de ser julgado, a vida encarrega-se de mostrar o que estava mal...todos teremos telhados de vidro e, neste tubo de ensaio que é a vida, errar nas experiências em quantidade faz parte...atire a primeira pedra quem não tem medo que o seu telhado se parta...