terça-feira, 31 de março de 2009

Paleta de cores...

Dúvida,
Intolerância,
Incerteza,
Inocência,
Honestidade,
Simplicidade, Sinceridade,
Amizade,
Generosidade...
Queria poder inventar uma cor para cada uma destas palavras e conseguir com uma só pincelada pintar um quadro lindo que fosse capaz de ficar nas memórias para sempre e de tão belo fosse por si só eterno!
Cada cor transmitia uma sensação, mas cada cor era capaz de contar uma história também.
Cada palavra tinha uma cor e para cada pessoa essa cor seria diferente mas, de forma harmoniosa, todos viam a mesma pintura. As sensações são cores mutáveis para cada ser humano e cada cor tem uma intensidade.
O meu último quadro é, simplesmente, intenso...e brilha. Nem sequer posso dizer que demorei muito a pintá-lo, foi num momento de grande inspiração: levantei os olhos, cruzei a tela branca, fechei os olhos, senti um arrepio, abri a caixa das tintas e com pincéis novos fui capaz através de movimentos rápidos descrever momentos inesquecíveis que me levitam ao ponto de sentir paixão por cada traço, por cada cor, por cada pincelada...são arrepios constantes. E assim se constrói uma história num pano colorido e assinalada para sempre. São marcas que ficam e olhos que brilham cada vez que o cruzam num movimento, recordando as dores sentidas por cada traço!Decoras uma parede num espaço íntimo para a maior parte das pessoas, para mim foste cada momento, sentido de uma forma única, indescritível, quase assustadoramente doloroso. Para mim és tudo aquilo que não és, nem nunca vais ser para a maior parte das pessoas, e mesmo que te explique ou que te descreva com pormenor... sentir só eu consegui...

domingo, 8 de março de 2009

O brilho da sensibilidade!

Já algumas vezes pensei que seria melhor ser uma pedra tão dura como uma rocha circundante ao mar com uma grandeza inconfundível, que apenas se deixa lascar com o passar dos anos. Não sou… nem grande… nem dura.
A minha sensibilidade ajuda-me a ser tocada por uma frase, por um gesto, por um sorriso e, principalmente, por um olhar. Emocionar-me não é difícil. Deixar-me envolver por histórias, por verdades e, essencialmente, por sentimentos é tão bom como comer um crepe com chocolate ao olhar para o pôr-do-sol num dia de Outono. Claro está, que quando nos envolvemos também sofremos, mas quando não o fazemos, esquecemo-nos de dar ao outro e olhamos para um umbigo que nos pertence e não consegue nunca chegar tão perto de alguém como esse alguém tanto merece.
Amar as pessoas, amar o outro, ver as qualidades do ser humano sempre num primeiro plano é, genuinamente, colocar a sensibilidade ao serviço das pessoas e utilizá-la para fazermos nascer sorrisos.
Ser sensível é, na minha opinião, ser corajoso. A coragem é uma virtude ou um defeito? Por vezes a coragem pode bloquear-nos no nosso Eu, naquilo que queremos para nós e leva-nos a sensibilidade, mas tal como as moedas também nesta perspectiva existe um outro lado. Ser sensível exige uma coragem desmedida. Cada gesto pode levar-nos ao abismo e saber lidar com a nossa própria sensibilidade exige um trabalho interior e exterior de desbloqueamento e avanço para um outro nível.
Recentemente os meus olhos brilharam. Talvez tenha conseguido sentir o brilho de alguém que me tocou, que interiorizei, reflecti e elaborei. E qual foi o resultado final? O brilho dos meus olhos iluminou o meu dia de uma forma quase natural, sem qualquer esforço.
Contudo os meus olhos também têm momentos mais baços. São o reflexo de um sentir cinzento, que reflicto, senti e elaboro. Por vezes não consigo sorrir. O sofrimento do próximo é tão grande que os dias tornam-se cinzentos. É o que penso até ao momento em que percebo que o meu Eu não vai poder trazer nada de novo ao outro se me deixar contagiar pela sua falta de brilho.
Há olhos no Mundo que brilham para me alcançar e de tanto brilharem me tocam pela sua ingenuidade e sensibilidade. E outros há, que de tão cinzentos me tocam no sofrimento e de repente vivo de uma forma intensa a dor do peito do outro.
A sensibilidade é isto mesmo. É ter coragem para sentir e viver o outro dentro de nós. Hoje só queria poder viver dentro de mim alguém com uns olhos brilhantes e iluminados, mesmo que esse alguém não tivesse consciência nenhuma do seu próprio brilho.

Afinal a vida é feita de momentos mas para os conseguirmos viver temos de deixar que experimentem as diferentes chaves de um cofre, por vezes fechado, mas jamais fechado para sempre. E depois????Depois, quando o cofre está aberto é possível guardar coisas novas dentro dele...ainda bem que há pessoas que insistem em não desistir de abrir cofres à primeira tentativa falhada. Ainda bem que há pessoas com poderes desbloqueadores, pessoas que através de um gesto, de uma frase ou de uma partilha nos trazem de volta à vida tal como é...nua, crua e dura mas saborosa!