"Uma criança quando entra na escola perde para sempre algo maravilhoso. O pequeno deus selvagem que a habita é abafado. Celebra-se a entrada no inferno do mundo. A imposta distância a quem ama loucamente é um primeiro abandono imperdoável ao qual se seguirão na vida outros, como ecos. Ao aprender a escrever perde-se uma natural vivacidade no falar porque a gramática é uma prisão cheia de erros e castigos. A criança começa a ser talhada, retalhada, para poder encaixar num buraco qualquer de uma sociedade indispensável. Eu sei que viver na pura alegria de uma criança é pedir demasiado. Eu sei que pedir para viver é demasiado. (...)Na universidade as coisas parecem ir melhor porque já se está perfeitamente domesticado. É preciso escolher um curso determinado pelo acaso e passar de ano para ano como quem sobe uma escada para o calaboiço. É no emprego que nos tiram de vez a cabeça, um resto de independência, a capacidade de uma qualquer alegria. Os colegas são o inferno da idade adulta. Claro que isto tudo é indipensável e não compreende as crianças a sucumbir de fome e sede. (...)Os sonhadores ficam obrigatoriamente desempregados e acabam mal. Está escrito com sabedoria divina que o reino dos céus pertence aos simples de espírito. Com a educação tecnológica acima de tudo alastra uma terrível cegueira e a bondade não se ensina."
O Mundo é tudo o que acontece...Este é o título de um livro fantástico, mas é também aquilo que nos cirscunscreve à nossa existência. No meu mundo acontecem tantas coisas...no mundo de todos nós... E mais, nem sempre aquilo que nos acontece, é aquilo pelo qual esperávamos. Quantas vezes achamos que temos a nossa vida "controlada", perfeitamente planeada e arrumada, como se de gavetas de armários se tratasse. Nunca, ou quase nunca, as coisas estão arrumadas nas gavetas mais do que, por uns breves instantes. E depois? Depois, quando nos apercebemos que nada está como deixámos, vem a tristeza, depois a interrogação, mas porquê, a seguir a desilusão e mais tarde, antes mesmo de uma nova arrumação, vem o conformismo...ou então não! Eu conformo-me com alguma facilidade e rapidamente questiono tudo o que está nas gavetas e as remexo. Nunca encontro nenhuma resposta, apenas uma nova forma, tão válida quanto a anterior, para as voltar a organizar.
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